ANÁLISE DA SONDAGEM

A primeira conclusão a que se chega nesta sondagem é a manutenção da vitória do MPLA. Esta é uma tendência permanente ao longo destes cinco meses. Com maior ou menor percentagem o MPLA vence sempre. Se as eleições fossem hoje o MPLA venceria com maioria absoluta (56,37 %) dos votos expressos. A força política que governa Angola desde a independência seria folgadamente vencedora. 

Nota-se uma descida em relação à anterior sondagem. Provavelmente, a agitação renovada em volta da possibilidade de anulação do Congresso da UNITA pelo Tribunal Constitucional pode ter contribuído para esta perda. Também a existência de uma larga margem de não respondentes em todas as sondagens, permite estas oscilações. Além do mais, o facto de serem abrangidas diferentes províncias como se vê no quadro desagregado pode ser uma outra explicação. Nesta sondagem houve um enfoque no Zaire e Kwanza Norte, enquanto na anterior sondagem tinha havido no Bengo e Kwanza Sul. Este aspecto poderá indiciar que o Bengo e Kwanza Sul votam mais no MPLA que o Zaire e Kwanza Norte. 

Hoje parece certa uma vitória do MPLA, mas não se consegue determinar com exactidão a percentagem final.

Em relação à oscilação temporal que se nota, 55% para o MPLA em Dezembro, 61 % em Janeiro e 57% em Fevereiro e quase 65% em Março e 56% agora, pode resultar além de motivos técnicos, renovação da amostra, de excesso de confronto. 

Em segundo lugar, confirma-se um reforço significativo da UNITA, embora muito oscilante entre os 35% e os 40%. A UNITA tem dificuldade em fixar eleitorado além dos 35%. Em Dezembro tinha alcançado 45%, em Janeiro baixara para 38% em Fevereiro retoma para 40% e em Março volta para os 35%. Agora fica com 43,09%. É um facto que a UNITA está com força.

Há uma óbvia bipolaridade entre MPLA e UNITA, as outras forças são irrelevantes.

Continuamos a sublinhar um ponto muito importante. Mantém-se uma percentagem assinalável de indecisos ou de pessoas que não dizem onde votam. Este manancial de indecisos e abstenções pode determinar as eleições a partir do momento em que exiba o seu voto e tornar estas primeiras projeções muito diferentes. Isto tanto pode resultar numa subida muito grande do MPLA, ultrapassando os 2/3 dos votos, como um aumento da UNITA. O histórico tenderia a projetar o sentido de votos no MPLA e nos pequenos partidos, mas tal não é certo.