Comunicado pós-eleitoral da Angopolls
Desde Dezembro de 2021, a Angopolls levou a cabo sondagens mensais sobre as eleições angolanas, além duma estimativa rápida realizada em Julho. Foram contactadas cerca de 40.000 pessoas residentes em Angola, nas suas várias províncias. Os inquéritos foram realizados telefonicamente e comprovados por especialistas ligados a outras entidades.
Os resultados eleitorais apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral de Angola comprovam na sua essência o nosso trabalho.
Em primeiro lugar, detetámos sempre um grande número de Não Respondentes (oscilaram entre Dezembro e Agosto entre 60% e 30%) e alertámos que esse fator poderia ter um papel significativo nos resultados finais. Assim aconteceu com a inúmera abstenção verificada que, obviamente, influenciou os resultados.
Em segundo lugar, e por tal recebemos várias críticas e desconsideração do nosso trabalho, sublinhámos sempre que o eleitorado caminhava para uma bipolarização havendo o risco dos pequenos partidos desaparecerem. Também assim aconteceu.
Em terceiro lugar, previmos em vários meses (Dezembro, Abril, Maio e Junho) que a UNITA teria 44% e assim, igualmente, ocorreu. Noutros meses a nossa projeção apenas atribuiu 40% à UNITA. No entanto, a previsibilidade de um resultado entre os 39% e os 45% para a UNITA foi quase uma constante do nosso trabalho.
Finalmente, em relação ao MPLA, os nossos resultados foram sempre mais optimistas, a nossa previsão oscilou entre os 55% e os 60%. Sendo a margem de erro máxima associada de cerca de 3%, quer dizer que o MPLA esteve no limite inferior do máximo da margem de erro, cerca de 52%.
Em todo o caso, neste aspecto, os nossos técnicos esperavam um valor superior ao efectivamente registado pelo MPLA.
Acreditamos que o factor Abstenção/Não Respondentes foi extremamente importante para esta discrepância em relação ao MPLA.
Nas análises qualitativas que realizámos dos nossos inquéritos verificamos dois factores que influenciaram os resultados, quer a abstenção, quer a subida da UNITA, que são o surgimento de uma grande massa de eleitorado jovem e também o descontentamento da população com a situação económica. Curiosamente, tal como em muitos países dito desenvolvidos, a economia e bem-estar da população assumem um papel determinante na orientação de voto partidário, bem como no não voto, que foi extremamente elevado, repete-se.
Em resumo, com falhas, temos a convicção que realizámos um trabalho objetivo e imparcial que permitiu conhecer as movimentações do eleitorado e com a experiência acumulada poderemos afinar estas sondagens em futuras campanhas.