NOTA METODOLÓGICA PRÉVIA
Esta é a quarta sondagem levada a cabo pela Angopolls em Angola. A amostra escolhida para esta sondagem foi mais alargada em termos da metodologia de seleção aleatória, uma vez que, pela primeira vez, foram utilizadas diferentes fontes de dados para proceder às entrevistas telefónicas, pelo que acreditamos que a fiabilidade dos resultados aumentou.
Nessa medida, foi ultrapassado o constrangimento anterior em que uma vez que não existia uma base de dados sistemática com telefones de onde se pudesse alcançar aleatoriamente uma amostra de toda a população, as bases de dados obtidas, embora aleatórias, eram restritas a pessoas com qualquer tipo de conta pública aberta nas redes sociais. Como referido esse obstáculo foi superado.
As sondagens que temos conduzido são as mais abrangentes possíveis, sobrepondo-se em termos de metodologia e alcance às outras que temos vindo a acompanhar efetuadas por outras organizações.
Apesar disso mantém-se sempre uma grande percentagem de não respondentes /indecisos que julgámos será proeminente no desfecho eleitoral.
O facto de existir sempre uma muito significativa parte de membros da amostra que se recusam a identificar o partido em que querem votar, deixa muito em aberto para o dia das eleições.
Sondagem Angopolls
Março de 2022
III – SONDAGEM ELEIÇÕES GERAIS
MARÇO 2022
A sondagem realizada pela Angopolls no período de 1 a 14 de Março de 2022, relativa ao sentido de voto nas eleições gerais em Angola permite realizar e seguinte previsão de resultados¹:
VOTAÇÃO Feveiro 2022
¹Não contabilizando indecisos e abstenções. Ver abaixo.
FICHA TÉCNICA
A sondagem foi feita telefonicamente. Foram obtidos 5100 inquéritos válidos, sendo que 26,57% dos inquiridos eram do sexo feminino.
DISTRIBUIÇÃO DOS INQUÉRITOS POR PROVÍNCIA
ANÁLISE DA SONDAGEM
A primeira verificação que se pode realizar nesta sondagem é o reforço da vantagem do MPLA. Se as eleições fossem hoje o MPLA venceria com maioria absoluta e qualificada de 2/3 (64,62 %) dos votos expressos. A força política que governa Angola desde a independência seria folgadamente vencedora. Nota-se um reforço em relação à anterior sondagem. Isto deve querer dizer que à medida que os inquéritos saem dos frequentadores das redes sociais e se aprofunda o leque de inquiridos, há um aumento da votação no MPLA. Esta evolução positiva do MPLA, além de motivos técnicos, pode também estar ligada a um maior otimismo com a
situação económica derivada do aumento do preço do petróleo e do sucesso do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em relação à oscilação temporal positiva que se nota, 55% para o MPLA em Dezembro, 61 % em Janeiro e 57% em Fevereiro e quase 65% agora, pode resultar além de motivos técnicos, renovação da amostra, do início de um feel good, a propósito da economia e também de alguma acalmia no excessivo confronto político.
Em segundo lugar, confirma-se um reforço significativo da UNITA, embora muito oscilante entre os 35% e os 40%. A UNITA tem dificuldade em fixar eleitorado além dos 35%. Em Dezembro tinha alcançado 45%, em Janeiro baixara para 38% em Fevereiro retoma para 40% e agora volta para os 35%. Acreditamos que algum radicalismo da UNITA lhe retira votos.
Há uma óbvia bipolaridade entre MPLA e UNITA, as outras forças são irrelevantes.
Continuamos a sublinhar um ponto muito importante. Mantém-se uma percentagem assinalável de indecisos ou de pessoas que não dizem onde votam. Este manancial de indecisos e abstenções pode determinar as eleições a partir do momento em que exiba o seu voto e tornar estas primeiras projeções muito diferentes. Isto tanto pode resultar numa subida muito grande do MPLA, ultrapassando os 2/3 dos votos, como um aumento da UNITA. O histórico tenderia a projetar o sentido de votos no MPLA e nos pequenos partidos, mas tal não é certo.
ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS (DEZ/21-JAN/22-FEV/22- MAR 22)
A comparação dos resultados indica que o MPLA será vencedor e tem um eleitorado fixo apreciável, mas também um reforço da UNITA e uma variabilidade significativa das votações. Tal obviamente convida as forças políticas a um empenho renovado na campanha eleitoral.