NOTA METODOLÓGICA PRÉVIA

Esta é a terceira sondagem levada a cabo pela Angopolls em Angola, o que permite realizar algumas constatações permanentes em relação ao universo da amostra e resultados obtidos.

A primeira constatação é que não existe uma base de dados sistemática com telefones de onde se possa alcançar aleatoriamente uma amostra de toda a população. As bases de dados obtidas, embora aleatórias, são restritas a pessoas com qualquer tipo de conta pública aberta nas redes sociais. Isso limita em parte o universo alcançável. Em todo o caso, as sondagens que temos conduzido são as mais abrangentes possíveis. Melhor só com a existência de listas telefónicas globais e universais ou através de equipas físicas no terreno inquirindo pessoalmente os entrevistados.

Uma segunda constatação refere-se à sempre muito grande percentagem de indecisos ou que não respondem. O facto de existir sempre uma muito significativa parte de membros da amostra que se recusam a identificar o partido em que querem votar, acaba por obrigar a um exercício de projecção de resultados sempre difícil, sendo que a maior conclusão a retirar dos resultados brutos obtidos é que a situação eleitoral está muito volátil.

Sondagem Angopolls

Fevereiro de 2022

II – SONDAGEM ELEIÇÕES GERAIS 2022

A sondagem realizada pela Angopolls no período de 2 a 12 de Fevereiro de 2022, relativa ao sentido de voto nas eleições gerais em Angola obteve os seguintes números ¹:

RESULTADOS

VOTAÇÃO Feveiro 2022

¹Não contabilizando indecisos e abstenções. Ver abaixo.

FICHA TÉCNICA

Esta sondagem foi realizada pela Angopolls (angopolls.org) nos dias 2 a 12 de Fevereiro de 2022. O universo alvo foi composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Angola.

Foram seleccionadas aleatoriamente 7 províncias do país (Luanda, Bié, Moxico,Lunda Norte, Lunda Sul, Kuanza-Norte, Cunene, Cabinda) tendo em conta a distribuição da população.

A sondagem foi feita telefonicamente. Foram obtidos 5030 inquéritos válidos, sendo que 23,56% dos inquiridos eram do sexo feminino.

DISTRIBUIÇÃO DOS INQUÉRITOS POR PROVÍNCIA


ANÁLISE DA SONDAGEM

A primeira verificação que se pode realizar nesta sondagem é a manutenção da vantagem do MPLA. Se as eleições fossem hoje o MPLA venceria com maioria absoluta (57,82%) dos votos expressos. A força política que governa Angola desde a independência seria folgadamente vencedora. No entanto, nota-se um decréscimo em relação à anterior sondagem. O que parece poder concluir-se é que há um eleitorado fixo do MPLA que rondará metade dos votantes, e uma margem oscilante que lhe pode trazer ou não os 2/3 necessários para uma maioria qualificada. Note-se que os 50% que nos parecem fixos no MPLA não surgem em termos brutos, mas resultam da projecção que fazemos tendo em conta o histórico. Como referido no início deste trabalho, existe uma muito grande percentagem de indecisos ou não respondentes.

Em relação à oscilação temporal que se nota, 55% para o MPLA em Dezembro, 61 % em Janeiro e 57% agora, pode resultar de motivos técnicos, renovação da amostra, ou duma real volatilidade do eleitorado. Eventualmente, o confronto público com a Igreja Católica ocorrido enquanto decorria a sondagem pode ter contribuído para a quebra na votação no MPLA. Tal não é certo, o que é certo é que os números indicam um tempo muito desafiante para o MPLA até Agosto.

Em segundo lugar, confirma-se um reforço significativo da UNITA, alcança 40,98% na sondagem deste mês. Em Dezembro tinha alcançado 45%, em Janeiro baixara para 38% e agora retoma para 40%. Podemos dizer que há um eleitorado fixo na UNITA em cerca de 37%. Ainda é menor que o MPLA, mas tem vindo a engrossar. Apesar do número agora alcançado por outras forças partidárias, 1,2%, facilmente se verifica que este é irrisório. Há uma óbvia bipolaridade entre MPLA e UNITA, as outras forças são irrelevantes.

Continuamos a acentuar um ponto muito importante. Nesta fase, existe uma percentagem assinalável de indecisos ou de pessoas que não dizem onde votam. Este manancial de indecisos e abstenções pode determinar as eleições a partir do momento em que exiba o seu voto e tornar estas primeiras projecções muito diferentes. Isto tanto pode resultar numa subida muito grande do MPLA, ultrapassando os 2/3 dos votos, como um aumento da UNITA. O histórico tenderia a projectar o sentido de votos no MPLA e nos pequenos partidos, mas tal não é certo.

ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS (DEZ/21-JAN/22-FEV/22)

A comparação dos resultados indica que o MPLA será vencedor e tem um eleitorado fixo apreciável, mas também um reforço da UNITA e uma variabilidade significativa das votações. Tal obviamente convida as forças políticas a um empenho renovado na campanha eleitoral.